Nos últimos meses vimos nos telejornais, diversas campanhas para ajudar vítimas das chuvas ali, vítimas das chuvas aqui, doações de todos os lugares, verdadeiros gestos de solidariedade e compaixão. Atos estes, que merecem nosso respeito e aplauso. Mas, por que isso só acontece após catástrofes, desgraças, mortes em massa?
Acredito que, nós brasileiros, somos um povo caridoso, por natureza, somos solidários com o sofrimento alheio. Contudo, muitas dessas catástrofes poderiam ter sido evitadas, com simples atos. Como por exemplo, programas habitacionais de verdade, programas de cadastramentos de famílias em área de risco. Maior fiscalização e rigor no crescimento desordenado das cidades, pequenas, médias ou grandes. Entre outras soluções que não citarei agora.
Nego-me a acreditar que os moradores do Riachinho, localizados no Jd. 13 de Maio e Padre Zé, estão lá porque ninguém da prefeitura sabia...Ou que eles se camuflavam quando chegava alguma fiscalização? A administração pública só pensa em habitação, quando há invasão? A prefeitura ou a Administração Estadual, só constrói casas quando algum cidadão perde sua antiga moradia?
A política habitacional deve ser algo constante, todos possuem o direito de ter vida digna e moradia de respeito, direito este garantido pela constituição. Não podemos esperar que os próprios cidadãos se mobilizem, quando era papel do poder público, fiscalizar e ao mesmo tempo oferecer moradia para todos.
Fico indignado quando assisto nos telejornais locais campanhas de arrecadação de alimentos, roupas, entre outros materiais, para ajudar os desabrigados das enchentes. Façam campanhas, sim, mas para cobrar do poder púbico soluções para estes cidadãos, pois eles não caíram nessa situação de risco de para-quedas. Aqui na Paraíba, e em especial em nossa capital, são diversas as áreas de risco. Porém, parece que nesses casos, o morador dessas comunidades é visto como um paciente que possui apendicite: todos sabem que tem, mas só vão retirá-lo quando está incomodando muito.
Não há mais espaço, numa sociedade como a nossa, para políticas de cunho assistencialista apenas, o povo quer soluções, e não paliativos. Os cidadãos estão fartos em ver placas imensas de obras e mais obras expostas com o Slogan “Minha Casa, Minha Vida”. Porém a celeridade no encerramento dessas obras se dá no tempo do político A ou no tempo mais próximo da próxima eleição. E o povo? O povo espera...
Espera até a próxima enxurrada, espera até a próxima queda de barreira, enfim, hoje esperar políticas honestas dos gestores públicos, resume-se em uma praça em dois anos, uma escola em quatro anos, um asfalto em um ano. Falta agilidade e celeridade na coisa pública: uma licitação, 30 dias; execução de uma obra, 120 dias; publicar no Diário Oficial, mais 30 dias; uma emenda ser votada numa Câmara ou Assembléia, uma eternidade.
Assim, fazer caridade, sem responsabilidade, é agravar ainda mais a situação de risco dos moradores mais necessitados, você finge que ajuda e o governo finge que não é com ele. Os gestores públicos precisam ter em mente que: “Quem não vive para servir, não serve para viver”.
Em resumo, serviço público, tornou-se servir ao bolso. E o povo? Ah, o povo que espere até a próxima eleição, que para alguns neste estado já está pertinho, pertinho....
Erivan Júnior
Professor e Colunista
eri_junior81@hotmail.com
Twitter: @ErivanJr
Nenhum comentário:
Postar um comentário