Hoje, ser ou
ter educação parece-me algo raro no convívio entre as pessoas. Pois, estamos
diante de situações nas quais a população em sua maioria, trata os outros como
se tratam animais de um roçado ou em cativeiro. Andamos
nas ruas, no trânsito, como se fôssemos nos devorar mutuamente. Somos atendidos
em supermercados, farmácias, repartições públicas, hospitais como se fôssemos
um ultraje ou até mesmo, um peso para quem nos atende.
Parece-me
que nossas escolas não educam pra vida, mas sim apenas para o vestibular,
concursos, CEFET’S, CFO’S, entre outros. Passou-se a responsabilidade
educacional apenas para a escola, os pais, em grande parte, não vêem seus
filhos, não convivem com eles. Apenas pagam a conta do fim do mês. Apenas
representam seus papéis de responsáveis quando é necessário. Com isso, nós
professores somos incumbidos de sermos pais, mães, avós, tios, psicólogos,
terapeutas, delegados, advogados, padres, pastores, conselheiros, enfim, sermos
tutores daqueles que não são órfãos, que não são abandonados, que não são
indigentes, que não são filhos de uma cegonha.
Onde
tudo isso resulta: na sociedade despreparada, desmotivada, desatenta,
inconsciente, inconseqüente, inábil para agir com educação, das mais diversas
maneiras. Somos uma nação de pessoas rudes, invejosas, individualistas. Nossos
filhos já serão fruto de tudo isso que preparamos para eles. Somos produtores
da nossa má educação. Cabe-nos refletir e ponderar se realmente sou dentro e
fora de minha residência, uma pessoa preparada para lidar com o diferente,
lidar com o outro, agir de maneira consciente diante daquilo que não me agrada.
Já
estou farto de pessoas em filas de banco, supermercados, farmácias, entre
outros, que reclamam da vida, não agem com respeito com o outro, não renunciam
seu estresse em prol de uma vida melhor. Quantos hoje, ao lerem este artigo, se
vêem nessa mesma situação? Quantos ao saírem de casa para seus trabalhos e
lutas diárias, entram em seus carros como se fossem para uma guerra?
Acredito
que agir com educação e respeito não seja algo extraordinário, algo
surpreendente. Ser ou ter educação é regra, não exceção. Deveria ser de nossa
própria natureza, e não, algo que apenas alguns praticam. Será que a verdadeira
educação ficou alojada no passado, nos grupos escolares de outrora, nas
famílias tradicionais e abastardas?
Somos
seres racionais ou irracionais? Humanos ou mutantes? Essas respostas só serão
encontradas por você leitor, que convive diariamente com essas situações de
violência discreta, silenciosa e mútua. Você, que se depara com pessoas que não
sabem dar “bom dia”, não pronunciam a palavra “por favor”, esqueceram o “muito
obrigado”!
Espero
que após termos passado pela festa da carne, alguém possa refletir melhor onde
estão escondidos nossos valores morais e éticos, onde foi parar nosso caráter,
nossa educação por si e pelo próximo. E termino só deixando esse recadinho que
outros já disseram: “Oh! Mundo tão desigual... tudo é tão desigual...de um lado
esse carnaval...do outro a fome total.....”
Erivan Júnior
Professor e colunista
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