Nos
últimos dias vimos nos telejornais, diversas campanhas para ajudar vítimas das
chuvas ali, vítimas das chuvas aqui, doações de todos os lugares, verdadeiros
gestos de solidariedade e compaixão. Atos estes, que merecem nosso respeito e
aplauso. Mas, por que isso só acontece após catástrofes, desgraças, mortes em
massa?
Acredito
que, nós brasileiros, somos um povo caridoso, por natureza, somos solidários
com o sofrimento alheio. Contudo, muitas dessas catástrofes poderiam ter sido
evitadas, com simples atos. Como por exemplo, programas habitacionais de
verdade, programas de cadastramentos de famílias em área de risco. Maior
fiscalização e rigor no crescimento desordenado das cidades, pequenas, médias
ou grandes. Entre outras soluções que não citarei agora.
A
política habitacional deve ser algo constante, todos possuem o direito de ter
vida digna e moradia de respeito, direito este garantido pela constituição. Não
podemos esperar que os próprios cidadãos se mobilizem, quando era papel do
poder público, fiscalizar e ao mesmo tempo oferecer moradia para todos.
Fico
indignado quando assisto nos telejornais locais campanhas de arrecadação de
alimentos, roupas, entre outros materiais, para ajudar os desabrigados das
enchentes. Façam campanhas, sim, mas para cobrar do poder púbico soluções para
estes cidadãos, pois eles não caíram nessa situação de risco de para-quedas. Aqui
na Paraíba, e em especial em nossa capital, são diversas as áreas de risco.
Porém, parece que nesses casos, o morador dessas comunidades é visto como um
paciente que possui apendicite: todos sabem que tem, mas só vão retirá-lo
quando está incomodando muito.
Não
há mais espaço, numa sociedade como a nossa, para políticas de cunho
assistencialista apenas, o povo quer soluções, e não paliativos. Os cidadãos
estão fartos em ver placas imensas de obras e mais obras expostas com o Slogan
“Minha Casa, Minha Vida”. Porém a celeridade no encerramento dessas obras se dá
no tempo do político A ou no tempo mais próximo da próxima eleição. E o povo? O
povo espera...
Espera
até a próxima enxurrada, espera até a próxima queda de barreira, enfim, hoje
esperar políticas honestas dos gestores públicos, resume-se em uma praça em
dois anos, uma escola em quatro anos, um asfalto em um ano. Falta agilidade e
celeridade na coisa pública: uma licitação, 30 dias; execução de uma obra, 120
dias; publicar no Diário Oficial, mais 30 dias; uma emenda ser votada numa
Câmara ou Assembléia, uma eternidade.
Assim,
fazer caridade, sem responsabilidade, é agravar ainda mais a situação de risco
dos moradores mais necessitados, você finge que ajuda e o governo finge que não
é com ele. Os gestores públicos precisam ter em mente que: “Quem não vive para
servir, não serve para viver”.
Em
resumo, serviço público, tornou-se servir ao bolso. E o povo? Ah, o povo que
espere até a próxima eleição, que para alguns neste estado já está pertinho,
pertinho....
Erivan Júnior
Professor e
Colunista
Twitter: @ErivanJr
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