GOLEADA BRASILEIRA
Nesses dias de Copa do mundo, parece-me oportuno levantar alguns questionamentos em relação aos últimos fatos ocorridos lá na África, aqui em nosso estado e em nosso país.
Inicialmente, o relacionamento entre o técnico Dunga e a imprensa do nosso país vai bem mais além do que palavrões ou insultos no desligar dos microfones africanos. Toda essa celeuma tem origem na má relação que a mídia esportiva possui com a seleção canarinho. Pois, a maioria daqueles que entram no mundo do futebol sabem do crescimento meteórico que estão entrando, no poder, no dinheiro, na ostentação, na imagem midiática que terão, entre outras consequências que o mundo do futebol pode causar a um atleta.
Na verdade, o futebol representa bem a desigualdade existente em nosso país. Pois são raros os casos, que atletas de baixa renda, crescem na vida apenas pelo futebol que têm. Fico a imaginar a cabeça de milhares de adolescentes que se imaginam com a vida de um Robinho, de um Ronaldinho, entre outros. Mas eles são exceções a regra. Nossos jovens suburbanos não podem ser comparados a eles. Não podem acreditar que terão mesma sorte dos nossos grandes “craques”.
Assim, diante disso, muitos são os exemplos onde nossos “craques” não sabem diferenciar, nem tampouco separar o joio do trigo, saber o que é certo ou errado, e acabam por cair no mundo da luxúria, das drogas e da imprensa de fofocas. Isso ocorre devido também à origem humilde daquele atleta, das raízes dos mais diversos guetos desse país. Por isso, não podem esperar dos nossos atletas canarinhos, que os mesmos sejam exemplos de vida pra nossa garotada, sejam referência de pai, de família, pois a maioria deles não consegue nem mesmo administrar sua vida pessoal com a mesma habilidade que demonstra nos gramados do mundo afora.
Por tudo isso, acredito que a causa da relação desastrosa entre o técnico Dunga e a população brasileira e nossa imprensa é fruto dessa importância dada ao futebol em nosso país, dessa mania de acreditar que possuímos apenas esse esporte como patrimônio nacional, como único produto interno bruto, como única matéria prima de exportação mundial. O futebol é algo relevante sim, porém o país já é maduro o suficiente para vê-lo como conseqüência de toda uma nação, que possui muito mais do que chuteiras, de caneleiras, possui muitas outras belezas que também movem essa nação para frente e para o futuro.
Assim, ganhando ou perdendo o Brasil, país, não sofrerá um tsunami na auto-estima, na qualidade de vida hoje existente aqui. A vitória das nossas mazelas não virá com gols, mas sim com bons cidadãos, craques nos direitos e deveres, goleadores de bons costumes, de educação de qualidade, de saúde pública eficiente, nossa seleção deve ser escolhida não por Dunga, mas por nosso voto nas eleições que estão por vir.
Erivan Júnior
Professor e colunista
eri_junior81@hotmail.com
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